Feito bola de neve
Era a visão mais perfeita de todas, não tanto por causa do lugar, mas pela simples presença dela alí. A brisa da orla alisava seus cabelos gentilmente, e o sol já se escondia por trás do seu rosto. Os olhos se dirigiam pro horizonte, distante, infinitamente grande, assim como a vontade daquele rapaz em abraçá-la. Ele não conseguia prestar atenção em suas palavras, ela falava sobre algum lugar distante, talvez sobre onde se conheceram. A conversa deles parecia sem sentido, ao menos para o rapaz, e a moça temia o seu toque... Até que ele a trouxe para perto, muito perto de si. Então eles sentiram que não haviam mais palavras, e por um longo tempo, desejaram mais daquela experiência de quase amor. Abraçados lado a lado, ela acompanhou com o olhar, as mãos dele encontrarem as mãos dela. Fingiu um sorriso, como quem gostaria de gostar, e talvez ela só precisasse de tempo... quem sabe. Ele a beijou suavemente o rosto da moça, era aquele mesmo perfume que ele fez questão de guardar na memória. Ela continuou a fitar as mãos entrelaçadas, e deixou ser beijada, ainda em sua face, e ele sabia que não iria beijá-la pra valer, mas continuou assim mesmo, já involuntariamente. Sem mais, ela se levantou e os dois sabiam que era mais que um simples beijo... "Seria melhor que você encontrasse alguém" foi o que ela disse, meio sem jeito... Com todo cuidado do mundo. E de que adianta? Se essas coisas sempre machucam de um jeito ou de outro, sempre. Ele deveria se afastar... Com cuidado. Deveria ter ouvido aquelas vozes amigáveis dizerem "Hey, não se aproxime tanto", "Vá com calma...", ou ainda "Não, ela não te vê assim". E ele já sabia disso tudo, os dias mostraram isso, mas a razão já não falava mais por ele, e assim foi, como uma bola de neve. Era ela, sim! Ainda que estivesse sofrendo e tendo prazer... Sumindo com seu desejo de dormir, tirando-o forças a cada noite... Roubando sua única esperança. Ela é tudo e algo mais e difícil é dizer o que tanto o atraiu. Mas senhora dor, faça-o forte porque ele teme estar cego para o resto do mundo... A minha mente não mora mais em mim.
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